Beata Lindalva Justo de Oliveira, FDC (Assu, 20
de outubro de 1953 — Salvador
9 de abril de 1993) foi uma religiosa das Filhas da Caridade de
São Vicente de Paulo, proclamada beata mártir
pela Igreja Católica no dia 2
de dezembro de 2007. Seus restos mortais encontram-se na Capela
das Relíquias da Beata Lindalva, na região central
da cidade do Salvador, desde o dia 6 de abril do ano de 2014. Por guardar as
relíquias de uma mártir católica a capela é um importante centro de devoção e
recebe diariamente a visita de muitas pessoas
INFÂNCIA
Lindalva nasceu no
Sítio Malhada da Areia, no município de Assu, no Rio Grande do
Norte. Filha do segundo matrimônio do agricultor João Justo da Fé – viúvo com
três filhos – com a jovem Maria Lúcia da Fé. Lindalva foi a sexta, dos treze
filhos do casal.
Foi batizada no
dia 7 de janeiro de 1954, na Capela de Olho D'Água, da Paróquia
de São João Batista, pelo Monsenhor Júlio Alves Bezerra.
Em 1961 a família
muda-se para a sede do município de Assú, para possibilitar o estudo regular
dos filhos do casal. João e Maria adquiriram uma casa e nela se estabeleceram.
Educada e orientada pelos pais
na prática da piedade, da devoção e da caridade, manifestou precocemente sua inclinação
para a vida de oração e para a prática da caridade para com os empobrecidos.
Ainda jovem deu mostras de sua sensibilidade para com as necessidades alheias.
Em um episódio emblemático, a todos surpreendeu ao doar as próprias roupas aos
pobres.
Ao concluir o ensino
fundamental aos 12 anos, fez sua primeira comunhão
JUVENTUDE
Teve
uma adolescência e juventude comum – considerando a
realidade rural do nordeste brasileiro – entre atividades escolares,
brincadeiras e atividades domésticas. Cuidava dos sobrinhos, dos irmãos mais
novos e de outras crianças. Ajudava também, nos finais de semana, na lavoura.
Era constante sua inclinação
para ajudar os pobres, doentes e idosos.
Lindalva Transferiu-se
para Natal para continuar os estudos. Passou a residir com a família
de seu irmão Djalma. Em 1979, concluiu o ensino médio na Escola
Helvécio Dahe. Cooperava na educação de seus sobrinhos e nos afazeres da casa.
Entre seus amigos teve alguns namoros.
De 1978 a 1988 trabalhou em
algumas empresas. O dinheiro que ganhava, enviava á família em Assu, ficando
com pouco para o seu uso pessoal.
Nos anos que morou em Natal
frequentou a casa das Irmãs da Caridade e trabalhou como voluntária no
Instituto para os Anciãos.
Em 1982 seu pai faleceu de
um câncer no abdômen, tendo tido a assistência de Lindalva nos
últimos meses de vida. Após a morte do pai, iniciou um curso de técnica
em enfermagem, bem como de violão
VIDA
RELIGIOSA
As irmãs notaram sua natural
propensão a ajudar as crianças e marginalizados. Era tomada de uma sincera
alegria quando servia os anciãos e exortava aqueles que os serviam a fazê-lo
com sincero amor.
A partir de 1986 passou a
freqüentar o movimento vocacional das Filhas da Caridade, iniciando o seu
processo de discernimento vocacional à vida religiosa.
No final do ano de 1987, pediu
ingresso na congregação. No dia 28 de
novembro de 1987 recebeu o sacramento da crisma das
mãos de Dom Nivaldo Monte, arcebispo de Natal. No dia 28 de
dezembro do mesmo ano recebe carta da madre provincial das
Filhas da Caridade aceitando-a ao postulantado da congregação.
POSTULANTADO
E NOVICIADO
Lindalva inicia seu
postulantado – que é um período preparartório ao noviciado – no dia
11 de fevereiro de 1988, em Recife, na Casa Provincial das Irmãs da
Caridade.
Pediu seu ingresso no noviciado
no dia 3 de junho de 1989, “com o mais profundo ideal de servir
a Cristo nos pobres.”
No dia 16 de
julho de 1989, dia de Nossa Senhora do Carmo, Lindalva e outras
cinco companheiras iniciaram o noviciado em Recife. Tendo encerrado o
noviciado, Irmã Lindalva emite votos simples de pobreza, castidade e
obediência.
ABRIGO
SÃO PEDRO
No dia 29 de
janeiro de 1991, Irmã Lindalva é enviada para a Bahia, onde
trabalhará no Abrigo Dom Pedro II, no bairro do Roma, na cidade baixa, em
Salvador. Esta instituição, fundada em 1887, presta assistência a idosos
empobrecidos. Irmã Lindalva é destinada a um pavilhão que atende a 40 anciãos.
Todos os testemunhos colhidos
para o processo de beatificação relatam sua simplicidade, cordialidade e
alegria com que tratava a todos. Realiza serviços simples e humildes para os
idosos internos.
Durante um retiro espiritual,
em janeiro de 1993, parafraseando São Vicente de Paulo, afirma sentir-se
mais realizada e feliz no seu trabalho que o Papa em Roma.
ASSÉDIO
SEXUAL
Em janeiro de 1993, devido a
uma recomendação, o abrigo teve que acolher entre os anciãos Augusto da Silva
Peixoto, homem de 46 anos, que não tinha direito de ser interno, em virtude de
sua idade. Ele passou a assediar Ir. Lindalva, e tornou-se insistente e
inconveniente. A religiosa, com medo, procurou afastar-se o mais que pôde de
Augusto. Narrou a situação a outras irmãs e intensificou sua vida de oração.
Seu amor aos idosos a manteve no abrigo, e chegou a confidenciar a uma coirmã:
“prefiro que meu sangue seja derramado do que afastar-me daqui”.
Os internos repreendem Augusto
e insistem para que Irmã Lindalva relate o fato ao diretor do serviço social do
abrigo. No dia 30 de março a funcionária Margarita Maria Siva de Azevedo,
repreende Augusto, que, no dia 5 de abril, Segunda-Feira Santa,
dirigiu-se à Feira de São Joaquim e comprou uma faca peixeira que
amolou ao chegar no abrigo.
No amanhecer do dia 9 de
abril, Sexta-Feira Santa, Irmã Lindalva participou da Via-Sacra, na
paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem. [Ao regressar, serviu
o café da manhã aos idosos, como de costume. A irmã – ocupada com o serviço –
não percebeu que Augusto se aproximava. Foi surpreendida com um toque no ombro.
Ao virar-se, recebeu os golpes que lhe tiraram a vida. Um senhor ainda tentou
intervir; mas Augusto ameaçou de morte quem ousasse se aproximar. Após o crime,
o assassino foi esperar a polícia sentado em um banco, na frente do abrigo.
Após condenação, foi internado em um manicômio judiciário.
Os médicos legistas identificaram
44 perfurações no corpo da religiosa. Imediatamente seu assassinato foi
identificado pela comunidade católica como martírio, e associaram a
tragédia às celebrações da Sexta-Feira da Paixão.[
FONTE WIKIPÉDIA